terça-feira, 8 de maio de 2018

O que é o “Movimento Educacionista”

O que é o “Movimento Educacionista”

*Por Maria Rachel Coelho


Inspirada por várias mensagens que me parabenizaram por eu ter encontrado parlamentares que tem muito mais afinidade com nossa causa e com o trabalho do Movimento Educacionista, resolvi assinar este artigo para afirmar que agora achamos nosso rumo e chamar a todos os nossos coordenadores que queiram voltar para restabelecermos nossos núcleos estaduais.

Inicialmente cabe definir, ainda que superficialmente, o que é o Educacionismo. Trata-se de  um Movimento ecológico e educacional, com duas vertentes que se unem.

A primeira ideológica porque tem implícita uma revolução. Defendemos uma visão nova de que o progresso civilizatório não deve se basear no progresso econômico e sim no progresso cultural, científico, tecnológico.

Defendemos uma igualdade horizontal que implica na garantia de um equilíbrio ecológico para as futuras gerações e também uma igualdade vertical que implica em oportunidades entre as classes da geração atual.

A garantia do equilíbrio ecológico decorre da educação, que mudará a maneira como nós nos relacionamos com a natureza e esse equilíbrio ecológico também depende de avanços científicos e tecnológicos.

Nossa outra vertente é política porque baseada na vontade de mudar a realidade e não ficar só no plano das idéias. Para fazermos as mudanças educacionistas é necessário um processo político.

Essa é a utopia do século XXI, baseada na igualdade pela educação. Substituta de todas as propostas de utopia fracassadas seja porque não conseguiram se associar a regimes democráticos e  a valores humanísticos em seus ideais, seja porque foram principalmente depredadoras da natureza.
Propostas elaboradas em uma época onde não havia o poder da técnica dos dias de hoje, portanto, não se adequam a nossa realidade, por exemplo, quando Marx morreu, em 1883, não havia luz elétrica nas casas, não haviam automóveis nas ruas, nem moto serra nas florestas. As alternativas de construir uma utopia pela economia, na propriedade do capital, não funcionaram em sistema nenhum. 
O Educacionismo é necessário e se adequa ao contexto atual. A única forma de se atingir uma igualdade social é “transferir para as mãos da classe trabalhadora” a mesma escola da elite. Uma só escola para ricos, pobres, brancos, índios e negros.

Em 2019 o Brasil fará 130 anos de forma republicana de governo. Uma república que desenhou uma nova bandeira e nela escreveu “ Ordem e progresso”. Republicanos, parte de uma elite insensível em escrever uma frase na bandeira de um país com 65% da população analfabeta. Uma bandeira para apenas 35% de brasileiros, os outros 65%, que naquela época correspondiam a 6,3 milhões de brasileiros ficaram sem bandeira.

Hoje, 129 anos depois, a taxa de analfabetismo é de 13,6%, embora isso corresponda a 16 milhões de brasileiros para os quais é absolutamente indiferente misturarmos as letras aleatoriamente ou colocarmos outra mensagem na bandeira.


Não toleramos mais a desordem e o desprogresso de um vergonhoso sétimo lugar em analfabetismo. Continuaremos reescrevendo essa história para aperfeiçoarmos nossa democracia, para justificarmos nossa república, para mantermos um lema em nossa bandeira, para completarmos a abolição.

2018 é um ano de eleições e de oportunidade para confirmarmos nossas conquistas e buscarmos outras.

Sonhamos com políticos sérios e educacionistas sendo  eleitos e reeleitos. Com um povo mais educado e capaz de mudar seu destino.

Que não se comemore reduções no desmatamento mas que cesse toda e qualquer forma de destruição de nossas florestas.

Que em 2018 publiquemos muito mais capítulos dessa  luta obstinada rumo a um futuro de igualdade  e inclusão social. Com todos os brasileiros conseguindo ler a frase de nossa bandeira. Com todas as nossas crianças felizes, sentadas num banco de escola,  consumindo consoantes e vogais, desenhando a esperança de uma nova sociedade, mais digna e humana.

* Professora Universitária e Diretora-presidente do Movimento Educacionista do Brasil.

domingo, 22 de abril de 2018

Quem foi Piotr Kropotkin, “pai do Educacionismo”

Quem foi Piotr Kropotkin, “pai do Educacionismo”

* Por Maria Rachel Coelho



O geógrafo, anarquista, e criador do educacionismo Piotr Kropotkin viveu de 1842 a 1921. Piotr é referência obrigatória no movimento anarquista internacional, não só por ter lançado em suas obras os fundamentos básicos de grande parte do ideário que iria nortear a história do anarquismo em seus desenvolvimentos subseqüentes, mas também pela dedicação integral de sua vida à causa da Revolução Social As idéias de Kropotkin têm como núcleo que somente educando-se intelectual e moralmente o povo este emanciparia-se, e evoluiria-se para o comunismo.

O anarquismo é – em termos gerais – uma doutrina de crítica da sociedade capitalista, visando sempre sua transformação e buscando a liberdade individual sem desprezar o social. A etimologia da palavra Anarquismo vem do grego “anarchos” que quer dizer “sem governo”, ou seja, uma ideologia que tem como pressuposto a idéia de inexistência de
qualquer tipo de governo ou poder. Para os anarquistas as instituições governamentais são intrinsecamente injustas e autoritárias o que as tornam prejudiciais à sociedade. Portanto, os anarquistas crêem que o Estado é desnecessário, existindo outras formas alternativas e viáveis para a organização da sociedade.

Em termos históricos “Anarquia” e “Anarquista” aparecerem de forma mais presente durante a Revolução Francesa, no entanto com um sentido de crítica negativa e até de
insulto, onde elementos de vários partidos usavam estes termos para difamar seus oponentes, geralmente pessoas de esquerda (WOODCOCK, 2002). Esta conotação
negativa da palavra prevalece até hoje na linguagem popular. Contra esta deturpação do anarquismo que aconteceu durante a Revolução Francesa temos os ensinamentos de Kropotkin que diz que o anarquismo tem suas raízes na Idade da Pedra quando o homem começou a viver em sociedade, pois para ele o instinto de justiça, de cooperação e de liberdade é um instinto natural do ser humano. O autor na verdade, procurou as raízes do anarquismo não nos filósofos, mas na massa anônima do povo.

É fundamental entender também que dentro da doutrina Anarquista existem muitas variantes, as principais são: o anarquismo individualista; o anarquismo mutualista; o anarquismo coletivista; O anarquismo comunista ou revisionismo educacionista: Aqui está o núcleo central de todos os problemas, desvios e deformações que a idéia do comunismo traz ao revisionismo-educacionista. No comunismo não há regulação social da economia, o indivíduo é o soberano absoluto na produção e na distribuição dos bens materiais, tudo girando em torno de sua necessidade. É importante ficar claro que a “necessidade” é algo absolutamente subjetivo e arbitrário, ou seja, enquanto um homem pode ter a “necessidade” de viver e consumir com simplicidade um outro pode ter a “necessidade” de ter tudo a toda hora e, de acordo com o comunismo, nada pode se interpor a esta “necessidade” individual já que ela é o centro em torno do qual gira a própria sociedade. Tamanho absurdo encontra uma solução autoritária e mecanicista na teoria marxista: a ditadura do Estado Popular se encarrega de condicionar moralmente as massas e de desenvolver ao infinito as forças produtivas com vistas a atingir uma abundância permanente. Já com Kropotkin e seus seguidores se vai cair no educacionismo, no evolucionismo cientificista e no flerte com o liberalismo. Kropotkin entende que o comunismo exige um adequada preparação moral das massas para que as “necessidades” de uns não se oponham às “necessidades” dos outros e façam ruir esta verdadeira “cidadela de anjos”. Assim sendo, de maneira extremamente coerente, Kropotkin assume uma linha política condizente com o evolucionismo biológico que já vinha sistematizando como núcleo de sua elaboração intelectual relativa à história das sociedades humanas. Para Kropotkin, a humanidade evoluía inexoravelmente rumo a formas elevas de apoio mútuo e neste processo evolutivo (que guardaria semelhanças com aquele de animais sociais como as formigas e as abelhas) tendia a romper com as estruturas sociais opressivas tais como a dominação burguesa. Desta maneira caberia aos “anarquistas-educacionistas kropotkinianos” agir de maneira a esclarecer e a educar intelectual e moralmente as massas no sentido de avançar o processo evolutivo que levaria à consolidação do comunismo. Assim e naturalmente Kropotkin e seus seguidores tenderam a se afastar do movimento operário e se aproximar da intelectualidade burguesa no sentido de convencê-la a trabalhar no sentido de educar moralmente as “massas ignorantes” de proletários, como afirma Kropotkin neste trecho:

“não tardei em reconhecer que não se produziria nenhuma revolução, pacífica ou violenta, enquanto as novas idéias e o novo ideal não tivessem penetrado profundamente na própria classe cujos privilégios econômicos e políticos estavam ameaçados”.

Eis aqui claramente o nível de profundidade da revisão liderada por Kropotkin com relação aos pressupostos desenvolvidos por Bakunin. Ao invés do anti-cientificismo de Bakunin, eis o evolucionismo biológico enquanto matriz teórica. Ao invés do método analítico e político materialista tal como formulado por Bakunin, eis o idealismo analítico e o educacionismo enquanto prática. Ao invés do classismo intransigente e revolucionário de Bakunin, eis a burguesia assumindo o papel de conduzir o proletariado a sua elevação moral. Estas deformações vão conduzir a outras no plano prático. A idéia de organização vai ser violentamente atacada pelos kropotknianos em perfeita concordância com seus pressupostos teóricos. Se a sociedade comunista é aquela em que o indivíduo e suas “necessidades” sujeitam o conjunto da sociedade, porque então o indivíduo que se educa hoje moralmente para este futuro deveria “castrar-se” frente as necessidades organizativas coletivas que diferem das suas individuais. É desta maneira que vai ganhar fôlego um agressivo individualismo anti-organizativo entre os kropotkinianos, e é deste meio que vai sair o resgate do liberal Max Stirner que até então era um absoluto desconhecido autor do passado.

O revisionismo educacionista ou anarco comunismo tem princípios muito próximos do anarquismo coletivista de Bakunin, diferenciando-se no modo de distribuição das riquezas produzidas, logo que sua máxima é: “de cada um de acordo com suas possibilidades e a cada um de acordo com as suas necessidades”. Piotr seu idealizador, entendia que era necessário, como alicerce desta proposta, a total expropriação dos bens da humanidade, já que compreendia ser impossível medir a contribuição de cada um no processo histórico da humanidade, censurava também qualquer tipo de governo ou representatividade.
Kropotkin era russo de família rica. Na sua biografia destaca-se o fato de que na Internacional ficou ao lado dos que apoiavam a facção de Bakunin (apesar das diferenças teóricas.
É importante perceber que no interior das formulações de Bakunin são centrais as idéias do 1) Anti-cientificismo (defesa da ciência mas recusa de seu papel dirigente na sociedade);
2) materialismo enquanto método analítico e político (uma recusa profunda de todo “educacionismo”): “Eu gosto muito desses socialistas burgueses que nos gritam sempre: ‘ Instruamos primeiro o povo e depois o emancipemos’. Pelo contrário nós dizemos: Ele que se emancipe primeiro e se instruirá ele próprio” ) portanto contra as idéias de Marx, oficializando assim as diferenças em relação ao pensamento deste intelectual. Como todo filósofo com idéias distintas em relação aos demais de sua época não teve o devido reconhecimento, ficando à margem do pensamento hegemônico (de esquerda) da época, principalmente o geográfico. Portanto, resgatar as obras de Kropotkin se faz muito importante pelo conteúdo de crítica radical que contém e também por acreditarmos que muitos de seus ideais continuam necessários e vivos na atualidade.

Acredita-se que a originalidade do pensamento de Kropotkin o tornou o principal responsável pela mudança da teoria anarquista, depois dele o anarquismo se tornou uma “teoria séria e idealista de transformação social, e não mais uma doutrina de violência de classes e de destruição indiscriminada".

A base de construção de sua teoria vem de sua experiência no governo dos Czares, experiência que nele despertou o horror pelo governo autocrático e a decepção com a indiferença e a corrupção daqueles que representavam o Estado. Por outro lado, mostrou-se impressionado com o sucesso de colonização em bases cooperativas de exilados na Sibéria. “Comecei a apreciar a diferença que existe entre a ação baseada no princípio do comando e da disciplina e na ação baseada no princípio do entendimento mútuo” .
Sua contribuição como geógrafo baseia-se principalmente nas 50 mil milhas que viajou pelo Oriente elaborando teorias sobre a estrutura das cadeias de montanhas e platôs da Ásia Oriental, articulando estes conhecimentos com a discussão sobre a grande seca que levou povos da Ásia Oriental a migrarem para o ocidente provocando invasões bárbaras na Europa e no Oriente. Foi também um dos colaboradores da Enciclopédia Britânica. Como fruto destas expedições recebeu convite para assumir a Sociedade Geográfica Russa, mas recusou o convite por pensar que havia coisas mais importantes a se fazer naquele momento como, por exemplo, “lutar por uma sociedade mais justa”. Em 1878 funda o Jornal Le Révolté que se tornaria o mais influente dos jornais anarquistas.
Dentre as suas principais obras destacam-se: “Palavras de um Revoltado”, publicado com a ajuda de Elisée Reclus (que também era geógrafo e anarquista), em 1885. O livro trata da incapacidade dos governos revolucionários, para ele: “Nada se faz de bom e durável senão pela iniciativa do povo, e todo poder tende a matá-la” (KROPOTKIN, 2005, p.10). Faz critica contumaz aos socialistas dizendo que estes estão mais preocupados com a burocracia, enquanto os anarquistas estão mais preocupados com a prática da igualdade. Diz ainda que atos de protestos e revoltas fazem mais propagandas do que milhares de brochuras: “Basta de leis, basta de juizes! A liberdade, a igualdade e a prática da solidariedade são o único dique eficaz que podemos opor aos instintos anti-sociais de alguns de nós” (KROPOTKIN, 2005, p. 11).
No Livro “A conquista do Pão”, publicado em Paris no ano de 1892, é onde Kropotkin desenvolve mais explicitamente a teoria do anarquismo comunista. Nele reúne artigos escritos nos últimos dez anos, onde aborda vários temas da vida cotidiana e problemas sociais que sofria o povo naquele momento - e alguns até hoje – propondo soluções pensadas para um mundo onde a produção seria para o consumo e não para o lucro. Ele acreditava não se tratar de uma visão de sociedade utópica, mas sim uma discussão presente das razões científicas e históricas dos problemas que afligem a humanidade e da sua superação. Acreditava fundamentalmente que é necessário criar comunas (unidades mais próximas ao povo para suas preocupações imediatas), sendo que estas comunas não seriam impostas por um governo e sim fruto de uma união voluntária: “pela união das outras comunas produzem uma rede de cooperação que substitui o Estado”.
Certamente seu Livro “A ajuda mútua”, publicado em 1902, é o mais conhecido e surge como resposta aos neo-darwinistas que transportaram para o campo social as idéias naturalistas da obra de Darwin como forma de legitimar o imperialismo de países europeus. Na época. Kropotkin refuta as idéias dos neo-darwinistas defendendo que a ajuda mútua é mais importante para evolução das espécies, pois ela é instintiva e esta presente em todos os seres vivos, sendo ela a responsável pela sobrevivência e proteção dos mais fracos. E que embora força, rapidez, astúcia, cores e peles – mencionadas por Darwin como qualidades que tornam os indivíduos mais aptos – sejam importantes, a sociabilidade é a maior vantagem na luta pela vida. É o que podemos ver inclusive na vida humana ainda que no capitalismo, pois se não fosse a sociabilidade humana (mesmo que seja alienada) nós não teríamos o conhecimento, as tecnologias e os benefícios historicamente produzidos pelo homem. Kropotkin escreve que a solidariedade é uma qualidade inerente ao ser humano, e que nem as instituições coercivas como o Estado conseguiram acabar com a cooperação voluntária.

Os últimos dias de sua vida foram dedicados a divulgação de seus ideais, morre em 8 de Fevereiro de 1921 pregando que sua maior contribuição foi dar abordagem científica aos ideais anarquistas. Na visão de Woodcock (2002), sua maior contribuição foi promover a humanização do anarquismo e estabelecer uma relação entre teoria e a prática.


Acreditamos que para haver uma verdadeira mudança na sociedade atual o caminho a se seguir é o da crítica radical, é por meio dela que podemos desmistificar e quebrar princípios arraigados na nossa sociedade como, por exemplo, o de se confiar na representatividade política, delegando o poder a outros.
Como ensina Kropotkin, isto acaba com o espírito de ajuda mútua entre os homens, que já não se vêem como participantes e atuantes na sociedade, deixando sempre para que outros façam a melhoria e o desenvolvimento da sociedade. É preciso pensar que por meio de relações mais simétricas podemos construir um desenvolvimento mais humanitário, logo menos material.

Entendemos que os ideais de Kropotkin têm eco entre nós. Neste sentido, é interessante lembrar que ele pregava o ideal de expropriação dos bens da humanidade, onde tudo é de todos, da não-propriedade privada, onde as terras são cultivadas em comum, o princípio da não-autoridade, ou seja, da liberdade e autonomia como princípio, do desenvolvimento livre da ciência e das artes para todos, da produção conforme a possibilidade de cada um e o consumo conforme a necessidade. Por outro lado, acreditamos ser possível encontrar práticas na atualidade que se aproximam destes ideais como as vivenciadas pelas comunidades indígenas.


Existe até mesmo comprovação da existência de outras comunidades no Brasil como pode-se verificar pela pesquisa realizada por Eduardo Roberto Mendes e Rosemeire Aparecida de Almeida junto aos Yubas ( Comunidade Rural Yuba em Mirandópolis – São Paulo) – Revista NERA – ANO 10,N. 11 – JULHO/DEZEMBRO de 2007.

Por sua vez, a continuação e/ou aperfeiçoamento destas comunidades rumo a uma maior igualdade, portanto a superação dos “privilégios” de alguns de seus membros, depende de tempo para que os exemplos dos voluntários convençam pelo apelo moral os mais reticentes (como pensava Kropotkin), entendemos que é preciso também maior diálogo principalmente a respeito deste assunto que nos pareceu ser tratado como “tabu”. Pois, a continuidade das desigualdades pode agravar-se e, com isso, a vida comunitária, em cooperação mútua, dará lugar ao individualismo.
Atualmente vivemos num sistema que venera o individualismo em meio a graves problemas sociais e ambientais, neste cenário as obras de Kropotkin tornam-se atuais, pois elas falam de uma nova sociedade e já podemos vê-la em prática entre os Yubas. Isso contribui para pensarmos e lutarmos por estes ideais comunitários em que o individualismo, o consumo de futilidades, a super produção e o trabalho abstrato não tenham o foco central, mas, sim, o trabalho prazeroso, a arte e o consumo conforme as necessidades individuais de cada um, tendo como base a educação e a ajuda mútua.

*Professora Universitária e Diretora Presidente do Movimento Educacionista do Brasil -MEB

domingo, 24 de dezembro de 2017

As sete formas de paz dos índios Aymara!


Trago aqui neste Natal, meu desejo de paz dos índios aymara do altiplano boliviano.
Segundo os aymara, cada pessoa para estar bem com o seu mundo, precisa de sete diferentes tipos de paz.

A primeira,  é a paz “para cima”,  com Deus,  com os espíritos,  com os antepassados. É a paz com a dimensão espiritual, metafísica, como alguns gostam de chamar, é a paz com os mistérios do mundo.
 
A segunda, é a paz “para baixo”, com a terra que pisamos. No tempo dos aymara, essa terra era um simples local em que eles plantavam. Hoje, temos um maiúsculo  Planeta. Não é possível estar em paz nos tempos de hoje se não estivermos em paz para cima, com os espíritos, e para baixo, com a Terra, com o Planeta, a paz daqueles que não destrõem mas respeitam o Planeta como a nossa casa. A paz do equilíbrio ecológico.

A terceira, é a paz “para frente”. Para os aymara, a paz “para frente”, era a tranquilidade com o próprio passado. Com a sabedoria deles, o futuro está atrás, porque o futuro é desconhecido. E ninguém está em paz se não tem paz com o seu passado, se vive com remorsos.
 
A quarta,  é a
 “paz para trás”, que é a paz do futuro, sem medo do que vai acontecer, sem temer  o que virá pela frente.

A quinta paz defendida pelos  aymara era  com “o lado direito”, que é a paz com a família e com  quem convivemos permanentemente.

A sexta paz era com “o lado esquerdo”, que seriam nossos vizinhos pois não adianta ter  a paz apenas dentro de casa; é preciso ter paz com aqueles que estão ao lado também. Só que no tempo dos aymara, os vizinhos eram alguns grupos esparsos de outros indígenas. Hoje,  são todos os habitantes do Planeta.

A sétima paz é a paz “para dentro”, a paz que cada um tem de ter consigo mesmo, porque se pode ter todas as outras formas e não estar, internamente em paz.

Desejo a todos, as sete formas diferentes de paz que os aymara defendem,

Que esta paz de sete formas diferentes chegue a cada um em cada canto desse planeta. FELIZ NATAL A TODOS!

sábado, 30 de agosto de 2014

Difícil Despedida!




A difícil despedida da Aldeia Araweté Aradti do meu povo Araweté do médio Xingu! Trago no peito todo esse carinho e muita saudade mas com a sensação de dever cumprido! #NãoaBeloMonte

terça-feira, 6 de maio de 2014

Professora Maria Rachel Coelho palestra para os Mayuruna

Deixamos Atalaia do Norte para visitar a Aldeia Lago Grande do meu povo Mayuruna. Fizemos um Seminário para os adolescentes Mayuruna sobre como devem se manter afastados das drogas, a importância de se preservar a nossa cultura para as futuras gerações e até mesmo consumo sustentável e como podemos melhorar nossos hábitos para ajudar a salvar nosso planeta nesse momento tão crítico.

É lindo subir o rio Javari pois do lado direito é o Brasil e do lado esquerdo o Peru. É uma sensação maravilhosa estar navegando na fronteira entre esses dois países e mais entramos em vários afluentes do Javari para cortar caminho e em todos os cantos tem Aldeias.

Mas não paramos em nenhuma delas, até porque a área ainda tem algumas tribos isoladas, que vocês conhecem pela internet como os Korubo. E daí não sabíamos quando poderia ser uma Aldeia Korubo.

Apesar do mito, vários Korubo já descem até Tabatinga e até se tratam nos postos de saúde de Tabatinga. Mas nossos Princípios não permitiram que procurássemos eles, até porque somos contra qualquer tipo de contato. A T.I. Vale do Javari é composta por vários Polos Bases. A Aldeia Lago Grande fica no Polo Base São Luís, localiza-se especificamente no Médio Javari. Neste Polo ainda tem várias outras Aldeias como: Irari, Campinas, São Luís, Caxias, Eusébio, Três José,Flores, Maia, Fruta Pão, Pedro Lopes e a antiga Aldeia fruta Pão que hoje conta com apenas uma família.


















quarta-feira, 30 de abril de 2014

Maria Rachel Coelho na Terra Indígena Vale do Javari

O Veyaá

O Encontro dos Povos do Vale do Javari originou-se a partir do formato do evento tradicional chamado Veyaá que significa na língua Marubo " Encontro pelo qual se confraternizam, se saúdam,competem lutas corporais, promovem discursos cerimoniais e de outros rituais dentro das normas do Veyaá"

Estou de passagem por aqui com um compromisso: orientar as pessoas que o desenvolvimento só pode vir de forma sustentável e ensinar o quanto é maravilhoso conviver com os índios.

Faço de tudo para que as pessoas conheçam e respeitemos índios não somente como primeiros habitantes dessa terra mas também como o futuro, como a Amazônia!

Nesta viagem desafiei a tudo e a todos. O medo de meus familiares e amigos. A má vontade da representante da FUNAI local, que embora, eu estivesse com autorização da FUNAI de Brasília para visitar as Aldeias, sumiu para inviabilizar minha ida, as chuvas e os rios,a malária, a hepatite dentre outros vírus e as distâncias.

Ganhei amigos! Caminhei de mãos dadas com meu Povo Mayuruna. Conheci os Marubo,os Matis,os Kanamary, suas pinturas e vestimentas culturais, suas comidas. Fizemos reuniões e discutimos suas maiores necessidades e problemas e como melhorar esse panorama.

Neste álbum,reuni fotos de nossa Festa do Dia do Índio 2014. Os festejos foram realizados em Atalaia do Norte no Ginásio Atila Lins. Participei do Ritual Mayuruna, dançamos juntos, competimos de arco e flecha, joguei bola com as crianças,enfim, passei o melhor Dia do Índio de minha vida!

No dia seguinte subimos o Javari. É emocionante, lindo, cheio de afluentes e nesses afluentes existem Aldeias também,além da sensação de se estar dentro de um barco fazendo fronteira entre dois países: Brasil e Peru.

Ainda não conclui os outros álbuns mas em breve vocês vão ver em fotos e em vídeos que a T.I. Vale do Javari é um lugar lindo,cheio de paisagens maravilhosas e pessoas humildes e felizes.

Andei pelas fronteiras com mais tranquilidade do que ando no Rio de Janeiro ou São Paulo. E não vi sequer um militar nas ruas.O mais extraordinário disso tudo é que em todos os lugares só via índios. Dá para sentir a energia deles que com bastante dificuldade mantêm as tradições vivas e valorizadas.

Sem sombra de dúvidas, foi a viagem da minha vida! Pelo menos até o momento!


Mais fotos em : http://www.mariarachelcoelho.com.br/verGaleria.asp?id=57